Vinha caindo a tarde. Era um poente de agosto.
A sombra já enoitava as moutas. A umidade
Aveludada o musgo. E tanta suavidade
Havia, de fazer chorar nesse sol-posto.
A viração do oceano acariciava o rosto
Como incorpórias mãos. Fosse mágoa ou saudade,
Tu olhavas, sem ver, os vales e a cidade.
Foi então que senti sorri o meu desgosto...
Ao fundo o mar batia as cristas dos escolhos
Depois o céu...e mar e céus azuis: dir-se-ia
Prolongarem a cor ingênua de teus olhos
A paisagem ficou espiritualizada.
Tinha adquirido uma alma. E uma nova poesia
Desceu do céu, subiu do mar, cantou na estrela...
(Manuel Bandeira)
sexta-feira, 20 de maio de 2011
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